Uma das obcessões dos designers e publicitários é descobrir uma “fórmula” para criar marcas bombásticas, arrasadoras, inesquecíveis… Mas será que existe marca ruim?
Pense na marca ARISCO:
Significado de Arisco = adj. Esquivo, bravio, intratável, arredio.
Intratável é um adjetivo “adequado” para comida? Algum consultor de marketing recomendaria?
E que tal incluir a palavra “bosta” para uma linha de facas? Será que cortar o seu churrasco com uma faca “Bosta” é uma imagem agradável? Pois bem, existe uma marca de facas “gaudérias” chamada “VIRA BOSTA” em homenagem a um tipo de besouro comum no RS que consegue levantar pedaços de esterco (bosta) até 80 vezes mais pesados do que ele, proporcionalmente é o ser mais forte do planeta. É como se um homem de 80 kg conseguisse levantar 6.400 Kg ou 4 veículos Corsa empilhados. Então a escolha foi pela FORÇA, atributo que eles quiseram transferir para as facas.
Eu já tinha decidido usar essa marca como base do artigo, só pra esclarecer que não é merchandising, ok? Decidi isso quando vi um vídeo explicando a origem da marca no YouTube. Confira o vídeo abaixo:
Agora vamos analisar o caso concreto:
Vira Bosta é um besouro CONHECIDÍSSIMO e ADORADO pelos agricultores gaúchos, ele é querido porque essa coisa de virar a bosta, enterrar, etc., acaba fertilizando o campo (de graça). O RS é o estado que tem o maior consumo de churrasco per capta do país, então é o público alvo da marca, certo?
Além disso, eles divulgaram a marca participando de eventos ligados ao tradicionalismo, rodeios, shows gauchescos, etc. e, nesse meio, vira bosta não é palavrão, é o nome do besouro que todo mundo conhece!
Então, por consequência, PARA ESTE CONTEXTO, a marca é perfeita! Pena que o INPI, na época, considerou que ela era ofensiva à moral e os bons costumes (Art 124 inciso III da Lei 9.279) e indeferiu o processo (eles recorreram), eu tentaria novamente o registro já que a análise foi feita em 2007, de lá para cá tanta coisa deixou de ser “imoral”, não é mesmo?
Isso prova que NÃO EXISTE MARCA RUIM, afinal, em qual cidade não tem um “Xis Podrão” que é, na verdade, o melhor da cidade? Se a marca consegue interagir bem com seu público alvo, o resto é bobagem.
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